terça-feira, 30 de outubro de 2007

Pequenas grandes revoltas

Odeio todas as tentativas patéticas de parecer simpático.
Não, não é uma palavra forte.
ÓDIO.



E pior, sem a menor intimidade, não é? E assim surgem os 'bests' no mundo.

domingo, 21 de outubro de 2007

Incompleto

Seus passos ecoavam pelo chão de madeira. Seu belo scarpin vermelho não era mais tão belo, estava um pouco gasto. Sentia os batimentos do seu coração acompanharem o ritmo do scarpin, em uníssono. Caminhava lentamente, como se o 'ir' fosse mais importante do que o 'chegar', de fato.
Sentia que cada passo dado a levava para o desconhecido, que na verdade não passava de um local comum visto com outros olhos.
Atravessou o salão com a leveza de uma pluma, mesmo tendo em seu coração o peso de três elefantes de chumbo. Mas aquele peso parecia torná-la mais forte, destemida e decidida, além de tudo.
Pensava que, dentro de cinco minutos, a leveza de seu caminhar e de seu coração seria a mesma. Sentou-se na pequena mesa ao lado de uma janela suja, trincada e velha. Pousou o queixo entre as mãos e pôs-se a pensar, ou, como seria mais apropriado, 'não pensar'.
Repentinamente, ouve mais passos. E dessa vez, não são os passos da garçonete que vai e vem trazendo xícaras sujas de um café fraco, mas sim aqueles passos que ela mais temia escutar. E eles foram se tornando mais altos, assim como os batimentos de seu coração, que parecia saltar dentro dela. Mas a hora havia chegado, e isso era um fato.
Sentou-se na cadeira à frente dela, e pôs-se a fixar seus penetrantes olhos azuis nos olhos castanhos que, apesar da ausência de maquiagem, possuíam beleza incomparável.
Após alguns segundos, que pareceram uma eternidade, ele quebra o silêncio:
- E então, o que você queria me dizer?
Após a frase tão esperada, ela se manteve calada. O motivo não era não ter o que dizer, mas sim não sabem o que dizer. Era algo complexo demais para ser expresso em poucas palavras. Palavras jamais seriam dignas de expor o que ela queria. Eram insuficientes.
Então, ela fez aquilo que ela deveria ter feito a muito tempo, desde quando ela o havia conhecido: ela o beijou. Mas não era um beijo qualquer, mas sim o mais apaixonado de que se tem registro. No breve espaço de tempo daquele beijo, todas as palavras foram expressas, tudo foi dito da forma mais clara possível.
O som de passos foi ouvido mais uma vez. Só que agora, um casal andava em uníssono. E os passos daquele scarpin vermelho e gasto tinham a leveza de plumas.

domingo, 7 de outubro de 2007

sábado, 6 de outubro de 2007

quem sou eu

Descrever-se é sempre ridículo, isso é fato.

"Eu sou meio óbvia, acho. Falo demais, quando convém. Mas também sei ficar tão quieta quanto, sei lá, uma coisa bem quieta. Não tenho uma habilidade especial, nem sou uma pessoa diferente. Adoro falar besteiras, e sempre tenho um comentário idiota para fazer (apesar de que na maioria das vezes, eles ficam só para mim). Eu sou muito bruta, e se eu não gostar de algo logo de cara, não irei gostar nunca. Em resumo: sou uma chata antipática. Meus amigos verdadeiros mal enchem um baldinho, mas melhor qualidade do que quantidade. Eu escrevo tudo o que penso em um caderno que fica em cima da minha escrivaninha o tempo todo. Isso quando não saio rabiscando qualquer coisa, antes que o pensamento se vá. Perder pensamentos é a pior coisa do mundo. É como perder um espirro.
Queria ter a capacidade de expressar o que sinto em palavras. Meu único consolo é saber que as outras pessoas também não são capazes de tal feito. Não com perfeição."

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Desencanto

Coisas que antes pareciam atrativas, e que lhe davam uma impressão de que você jamais iria conseguir ser feliz sem aquilo, um dia simplesmente perdem todo o brilho e importância. Tornam-se apenas um 'algo a mais', porém dispensável.
Se você, algumas semanas ou meses antes, pensasse nelas, à sua cabeça elas viriam como algo de extrema importância, essenciais, indispensáveis. Hoje, elas perderam o brilho.
Falo não só de objetos, mas também de pessoas (sim, pessoas, por que não?). Aqueles amores jurados eternos, aquelas amizades que seriam indissolúveis, companheiros inseparáveis e que um dia, 'puf', perdem a magia e todo o esplendor.
Isso ocorre princilamente com amores. Ou melhor, paixõezinhas passageiras e efêmeras, porque amor que é amor não passa, nem morre. Pena que o verbo 'amar' foi tão banalizado.
Hoje, temos a capacidade de amar até um como d'água. Isso é extremamente patético. Ora, será que é possível amar e deixar de amar com uma velocidade tão grande? Será que esse sentimento nobre e bonito que é o amor já se tornou tão banal, comum, que o comandamos? Será que aquilo (ou aqueles, na maioria das vezes) que amamos pode, de uma hora para outra, mudar? "Essa semana eu te amo. Na próxima, amo aquela outra pessoa".

ISSO É UM ABSURDO!