segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Momentos

Vejo-me aqui sentada em uma praça de alimentação qualquer. Pessoas conversam, riem e, obviamente, comem. Me encontro sozinha em uma mesa, sentindo o tempo deliciosamente escapar por entre meus dedos.
Por puro prazer, passo a olhar para todos os que estão ao meu redor.Vejo duas moças ao meu lado, ambas a falar e rir quase que sem pausa alguma. Do outro lado, uma mulher fala ao telefone, enquanto come batatas fritas. Diversos grupos de pessoas dividem-se em mesas ao meu redor, todas parecendo bastante satisfeitas com suas vidas. Mas algo chamou minha atenção de repente.
Apenas um homem magro, com a barba por fazer e olhos cansados, que traz consigo uma bolsa. Sentou e abriu a bolsa, a qual fazia um som estranho, como um tintilar de moedas. Mas sim, eram moedas! Ele passa a tirar muitas moedas, e a contá-las e formar com elas pilhas delicadamente dispostas sobre a mesa. Observo que são muitas moedas, e vejo pela cor que a maioria delas tem um pequeno valor, apenas cinco centavos. Mas pelo modo com o qual aquele homem separa as moedas, parece se tratar do mais valioso tesouro que jamais pôde existir.
De repente, outro homem juntou-se a ele e passou a ajudá-lo. 'Tim, tim, tim', faziam as moedas. E eles, silenciosamente, arrumavam-nas em suas devidas pilhas. Parecia tratar-se de um ritual sagrado. Algumas vezes, um pequeno deslize faz com que uma moeda caia. Calmamente, um deles a apanha e continua a empilhar as moedas. Durante esse tempo, não trocaram nenhuma palavra. E eu, quase em transe, observo aquele ritual. 'Tim, tim, tim', o som parece me fazer sonhar.
Porém, repentinamente, algo me desperta. Não sei o que foi ao certo, mas saio daquele momento tão singular e percebo que preciso ir para outro local. Acho que estou atrasada para o meu compromisso. Levanto, pego minha bolsa e saio. Ao passar ao lado da mesa dos concentrados homens a empilhar moedas, lanço um olhar discreto, e vejo aquelas moedas todas, como se fizessem parte de uma obra de arte. 'Tim, tim, tim', faziam as moedas.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Doces ilusões

E cá estou eu, pensando com os meus botões. É bom, de vez em quando, parar pra pensar, mesmo que a gente não saiba muito bem no que isso vai dar. E me encontro, de repente, pensando em uma conversa que tive outro dia: será que as ilusões devem fazer parte das nossas vidas?
Não falo daquelas ilusões que nos fazem perder a noção da realidade, nem daquelas que nos fazem abandonar a realidade, mas sim aquelas pequenas ilusões, aquelas onde nós podemos, por alguns instantes, realizar nossos mais secretos desejos, e figir um pouco da 'cruel realidade'.
Ilusões que às vezes podem parecer algo tão bobo para alguns, e que para nós valem tanto. Sejam amores fantásticos, pequenas realizações, desejos secretamente guardados, vontades, enfim...
Vale ressaltar, no entanto, que ilusões são boas apenas enquanto ainda temos a noção do que é real, já que de nada vale viver de ilusão.
Essas ilusões, algumas vezes, podem nos fazer querer não mais enfrentar a realidade, e nos habituar a viver em algo fantasioso. A realidade, mesmo sendo cruel e injusta algumas vezes, é necessária, pois nos faz crescer e amadurecer.

Ah, mas 'iludir-se' de vez em quando é até bom.