quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Assim, de passagem

Parece que foi ontem, parece que durou tanto. Foi um momento único, foi um momento estranho, foi um momento especial.
Caminhando, deixando-me levar pela vida, encontro em meio aos olhares apressados aquele que me faz parar. Parar de não pensar, e começar a enxergar no fundo daqueles encantadores e sonhadores olhos azuis um poço no qual começo a me perder.
Os olhos não estavam sós, mas pareciam que iluminavam aquele momento com um brilho singular. Ao passar apressado, o encontro dos olhares fez parecer que o que durou uma fração de segundo parecesse durar uma eternidade, fez com que a velocidade do mundo fosse reduzida apenas à daquele olhar.
Sentindo-me invadida por aquele olhar, como se meus olhos fossem apenas uma janela da minha alma pela qual eu me sentida descoberta, desprotegida, aflita por ser desvendada por um olhar desconhecido.
Olhos encantadoramente sonhadores, lunáticos, que buscavam aflitos qualquer coisa para observarem desatentos, pois o pensamento vagava por universos jamais conhecidos...
O andar curvado, o jeans meio surrado, a aparência meio desleixada dava àquele olhar ainda mais brilho e intensidade, ainda mais vida. Senti-me presa aos olhos sonhadores, senti-me dependente do seu brilho, senti-me leve, senti-me bem.
E quando a frágil ligação entre nossos olhares se desfez, vi-me novamente perdida no meu não pensar, ou melhor, perdida a pensar naqueles olhos sonhadores.