sexta-feira, 10 de abril de 2009

Libélula

Sentiu pela primeira vez o ar em seus pulmões, a claridade de um novo mundo fazia seus olhos doerem, sem ter palavras, chorou. Reconhecia apenas alguns rostos. "Mamã", "Papá", mas que alegria imensa os outros sentiam ao vê-la dizer aquelas palavras. Amor, ah, era isso que eles sentiam por ela. Ousou encarar o mundo por outro ângulo, e depois de cair e erguer-se muitas vezes, conseguiu os tão almejados primeiros passos: sua primeira mostra de independência. E o mundo era desvendado a cada minuto por seus olhos curiosos. As palavras começaram a fazer sentido, agora que conseguia lê-las, de fato. As primeiras amizades, ah, tomara que durem! Crescia, de meninha tornava-se uma mocinha, aqueles primeiros tormentos. O primeiro amor, o primeiro beijo, não, não iria esquecê-los. Ah, a vida parece não dar conta de tudo que se quer fazer, parece que apenas o céu é o limite. Responsabilidades fizeram com que certas inconsequências não fossem mais aceitáveis. De moça a mulher, mulher agora com objetivos, família, uma vida só sua. Era uma mulher feliz, ah, o primeiro filho. Construía agora uma nova realidade. Não era mais tão jovem, via agora a vida que vivera com aqueles olhos de saudade, aquela vontade de fazer tudo outra vez, repetindo até os erros, não, cometendo erros novos. Os cabelos eram nuvens fofas de algodão, agora, e as marcas do tempo se faziam presentes em seu rosto, rosto que agora sorria. Fechou os olhos e dormiu.