sábado, 27 de junho de 2009

Melodia de uma lembrança.

Voltar pra casa depois de um dia "daqueles" é realmente um exercício de auto-conhecimento. Quieta, respirando, vendo nas poucas estrelas do céu o brilho de uma vida inteira pela frente. Lojas, carros, tudo tão rápido, indo, vindo, como se cada um se resumisse a si mesmo, como se não houvesse uma ligação entre tudo. Vivendo dentro do próprio mundo, com as próprias angústias, os próprios medos, os próprios sonhos.
Mais da metade do caminho, e, de repente, meus olhos já tão sem esperança de encontrar algo o vêem. Ele, recostado na parede, violão nas mãos, olhos fechados, pensamento distante. Canta algo que não consigo ouvir, mas canta com saudade, com ternura, com felicidade, com um sorriso de quem revive em pensamento momentos tão alegres. Uma canção que o lembra uma alegria, uma tristeza, uma realização, um amor, não sei.
Cabelos brancos, as marcas da vida em seu rosto, o jeito pacato de quem já viveu tanto, de quem já teve pressa e, depois de tudo, vê apenas os carros passarem na rua fazendo a melodia da vida, como seus dedos passam pelas cordas do violão fazendo a melodia da saudade.
Em seu rosto já vivido pude ver o sorriso de quem se delicia com doces lembranças, aquelas que nos fazem ver que a vida vale a pena. Que fazer dela o melhor possível, arriscar-se, sorrir, amar, tudo isso vai fazer com que, após algum tempo, a gente possa se sentir bem ao lembrar tudo.
Foram cinco segundos em que senti que a minha vida ainda está apenas começando. E, ah, que eu possa um um dia fechar os olhos e lembrar com saudade de tudo!

sábado, 20 de junho de 2009

Eterna espera.



Pra ver se volta, pra ver se vem.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

O impulso ainda pulsa.

Impulso que me doma, me faz dizer o que não podia, crer no que não devia, agir como jamais ousaria. Impulso que me move, que traz à tona meus anseios e angústias, que faz com que, por um momento, eu tenha atitudes que sempre me policiei tanto pra não ter.
Impulso que me arranca as palavras da boca, palavras essas que às vezes ferem, às vezes elogiam, às vezes iludem, às vezes destroem, às vezes supreendem.
Mas piores são aquelas que expressam apenas verdades. Verdades essas que deveriam ser um segredo trancado eternamente, mas que, no tempo de um suspiro, saem como pássaros que anseavam por liberdade. Ah, são essas as verdades que tanto me comprometem, que tanto me fazem ter tanto zelo pelo que digo. Que fazem com que eu queira que, apenas por um momento, eu pudesse voltar no tempo e fazê-las voltar pra o local de onde nunca deviam ter saído.
Mas, o que seria do mundo sem o impulso? Tantas verdades ficariam caladas, trancadas apenas em um coração que, talvez, não mais suporte ter que guardá-las consigo. Tantos beijos de amor sinceros e inesperados seriam contidos, freados simplesmente porque se acha que eles não devem acontecer. Tantas respostas que não seriam dadas apenas pelo fato de que elas podem magoar alguém, mas que magoam muito mais quem não as diz. Tantos gritos seriam sufocados, apenas por serem incovenientes, inadequados.
O impulso é o que move a vida, é o que faz com que pequenos atos possam mudar uma história, um destino. Saber controlar a impulsividade é um dom, mas saber deixá-la fluir livremente de vez em quando é uma virtude.