sábado, 29 de agosto de 2009

Um minuto, por favor.

Triste é perceber que a gente está deixando coisas simples passarem sem apreciar a beleza delas. Perceber isso foi tão súbito que me doeu. Doeu por eu não lembrar quando tinha sido a última vez que eu tinha olhado o céu, só pra apreciar o quanto ele era belo. A ocupação, os deveres, as cobranças, os compromissos, o cansaço, tudo se unindo como uma venda que me cega cada vez mais. Tudo pesando, desviando meu olhar do alto, prendendo-o ao chão, me fazendo caminhar contemplando meus próprios pés.
Quem me dera poder lembrar sempre que devo olhar pro alto, algumas vezes, e lembrar do quão prazerosas são as mais simples sensações, esquecer de tudo nem que por uns poucos minutos, manter a calma, a serenidade.
Mas o mundo vem me atropelando, e eu não consigo reagir a isso de imediato. Não me conformo com isso. Sufoco, engasgo, até conseguir, finalmente, gritar: grito interno, mas libertador. Desprendo-me das amarras que me prendem ao chão, o céu é meu. O fato de ter deveres a cumprir não pode tirar de mim meus pequenos prazeres. Eu não posso me privar de coisas que me fazem bem, não posso. Ninguém pode, aliás.
A gente vive tão apressado, faz sempre as mesmas coisas, mas, talvez, nunca pare para perceber os detalhes nossos de cada dia.
Você sai, cumpre seu ritual de todos os dias, mas, já parou pra reparar a cor do céu no percurso até a escola? Já disse "bom dia" a todos aqueles que passam por você sempre? Já viu a lua, tão imponente, no céu, ao voltar pra casa? Notar sutilezas custa tempo, tempo é dinheiro, custa dinheiro. Minutos preciosos não podem ser desperdiçados, é verdade. Porque, claro, um minuto vai fazer com que tudo vá pelos ares.
Minutos desperdiçados fazem tudo ir pelos ares, sim. Mas apreciar pequenas coisas, tão importantes, até, não é desperdício. Permitir-se sentir mais não é desperdício. Respirar não é desperdício.
Seria tão bom se a gente não corresse tanto, se o tempo não nos atropelasse tanto, se as coisas não apenas passassem, se o mundo não apenas zunisse, se a gente não se acomodasse, se coisas sérias não se tornassem comuns, se os dias fossem vistos como dias, não como horas. O mundo não pára, a vida não pára, e isso não é preciso: nós é que temos que parar e perceber que o tempo esta conosco, e não contra nós.

sábado, 22 de agosto de 2009

Eu não quero nada que faz doer

Eu não quero chegar um dia e me arrepender tanto das coisas.
Eu quero ter gritado meus "eu te amo", quero ter errado muito, quero ter aprendido muito, quero ter ajudado muito, porque quero ser alguém. Quero viver, não quero existir.
Isso faz parte do meu egoísmo.
Eu quero me permitir errar, quero que meus impulsos me joguem onde nem sei, quero que meus olhos vejam, meus ouvidos ouçam, minha boca diga, minhas mãos toquem.
Eu quero ter, quero pertencer, quero ser infinita nem que seja por milésimos de segundo. Quero um, ou vários, momentos de plenitude. Quero me calar e ouvir só o tempo passar, mas não quero ficar assistindo a passagem dele como quem nada fez.
Eu quero tudo ao mesmo tempo, mas quero cada coisa na sua hora, que é pra aproveitar. Quero tudo e não quero nada.
Quero freios, mas não quero limites!
Quero poder olhar pra tudo e me arrepender, quero me arrepender, sim! Do que eu fiz, do que eu não fiz. E quero me arrepender de não ter tido uma idéia melhor do que viver assim.
Quero chorar até ficar vermelha, quero rir até a barriga doer, quero ter raiva, quero detestar, mas quero gostar, quero amar.
Quero ouvir as outras pessoas, quero me ouvir. Quero conhecer gente nova e quero me conhecer. Nem que eu morra tentanto, eu quero tudo isso!





(Tem conversa que é realmente produtiva).

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Taí.

Fico espantada com a capacidade que o mundo tem de guardar em si tantas pessoas, cada uma tão infinita. É como se a inquietude estivesse presente em todo lugar, como se dentro de um só planeta coexistissem milhões de universos.