domingo, 18 de janeiro de 2009

Um quase.

Sentada vendo o tempo passar, ouvindo aquela rádio de sempre, com a cabeça encostada na janel do carro do mesmo jeito de sempre, ansiosa por um banho, ah, minha casa, será que os cachorros quebraram alguma coisa? De repente, aquele grande ônibus azul. Mais curioso que o ônibus por si só é a figura que o persegue. Mochila nos ombros, olhar desesperado e grandes passos, um grito, ele não pode deixá-lo escapar. O alcança. As portas, porém, não se abrem. Ele tenta, insiste, mas nada adianta. Ele se vai, reconhecendo o "quase lá".

Interessante como na vida há sempre esses "quase lá". Correr atrás de algo, desejar, precisar, tudo isso nem sempre parece suficiente para que se alcance. O pior: alcançar de maneira não plena. Como chegar perto, tocar e deixar escapar.
Pode ser um desejo, uma pessoa, uma pequena realização pessoal. Pior do que falhar é a dor do quase. Porque quase conseguir mostra que faltou muito pouco paara que o que era apenas idealizado se tornasse real, objetivos não alcançados, sejam eles grandes ou pequenos.
Falhar por muito mostra incompetência, falhar por pouco mostra capacidade insuficiente. Ou suficiente, mas não totalmente. Saber que o que se fez foi quase o bastante para que tudo saísse como o esperado, mas que por algum infortúnio não foi o suficiente é realmente pesaroso.
Ter que "deixar para a próxima" por muito pouco. Um pouco que, em outra situações, seria o quase nada. Sempre, sempre é quase nada, a menos quando se precisa desse pouco, seja esforço, empenho, ou até mesmo sorte.
Ter que esperar minutos, dias ou até mesmo meses por algo apenas por ter falhado na última hora.
Mas pior do que ter que esperar por tudo isso é conformar-se e não mais esperar. Falhar por muito pouco e deixar que isso seja suficiente para acomodação, aceitando a oportunidade perdida, sem lutar para que ela seja alcançada. Pior do que o quase é a acomodação.

Ele se foi, reconhecendo o "quase lá", mas em seus olhos via-se a determinação do "será da próxima vez".

2 comentários:

D. Q. M. disse...

'Dor do quase', mais comum que a dor de cabeça. Mas essa dor só cura com o otimismo do 'será da próxima vez'. Apesar de saber que:
"O pessimista é um otimista com experiência"(François Truffaut), o final do texto é esperançoso.
Mais um livre-comentar da minha parte.
Até.

Fernando disse...

não foi dessa vez, pq me livrei de uma. Eu tive que perder esse pq no próximo vai ter uma garota super gostosa sentada do meu lado (eu li n'o segredo' hehe)