sexta-feira, 1 de maio de 2009

Porque permanecer ali era tudo o que tinha que fazer, embora sua mente ousasse libertar-se. Ali, naquela praça, era apenas mais uma a passar, por mais que o vestido dourado a destacasse em meio à multidão que ria. Buscava algum ponto para fixar o olhar, já que era impossível fazer com que os pensamentos permanecessem quietos.
Mostrava no olhar a angústia da espera, esperava por não-sei-o-quê, ela mesma nem sabia mais o que vinha ao seu encontro. Estaria ela esperando por algo que não vem? Adiava o encontro consigo mesma o máximo que podia, afinal, não sabia que danos aquilo poderia causar.
No parque, crianças faziam a vida parecer mera formalidade, como se o importante fosse apenas os giros que a roda-gigante dava no ar, altos e baixos. Os mesmos altos e baixos que ganhavam sentido tão diferente com o passar dos anos, e ela sabia disso.
E ela olhava o parque, as crianças, ouvia risos, sentia a alegria no ar, pairando sobre sua cabeça. Seus olhos mostravam que sua alma ainda guardava a pureza de outrora, por mais que seu corpo, seus atos e seu nome a fizessem parecer tão impura.
Parecia triste, parecia tensa, parecia preocupada. Mas, por instantes, pareceu ser novamente criança, que saltava em uma cama elástica, que dava voltas no carrossel, ah, voltas davam sua vida, agora que era mulher feita. Dos carroséis, guardava apenas doces lembranças, que agora amargavam sua boca com o gosto da saudade do que jamais volta.
A maquiagem dos olhos, agora, estava borrada pelo sal da lembrança. E o que faria? Escondia-se por trás da maquiagem, mas de quem buscava se esconder: dos outros ou dela mesma?
Passos lentos, buscando fazer o tempo passar mais devagar. Se soubesse que sentiria tanta falta dos momentos da infância, teria buscado não apressar a vida, não crescer tão depressa. Ficava a pergunta: ela teria apressado a vida ou a vida a teria apressado? Tantas decisões, tantas mudanças, tão pouco tempo. E de menina a moça, de moça a mulher, tudo no tempo de um suspiro, último suspiro de sua infância.
Agora, apenas lembranças permaneciam, e delas não queria se desfazer, por mais que a dor fosse quase insuportável. Tentava esconder isso de todos, mas dela mesma não podia fugir. Implacável, ela estaria sempre a saber todos os seus segredos.

Um carro azul, um boa noite, foi-se.

2 comentários:

marinaCqm disse...

E aí, Maíra! :]

Gostei do teu blog! Bem teu jeito mesmo... hehe...

vai lá no meu! Tá no começo... tou gostando. :D

Beijao!!!

D. Q. M. disse...

a vida é esse carrossel que não pára...
gostei.abraços.