quinta-feira, 16 de julho de 2009

Tentação.

Eu estava andando. Em mim, ardia a vontade de que o mundo me pertencesse, já que eu parecia não poder pertencer a ele. Era uma caminhada tranquila, mas minha mente e meus pensamentos estavam em descompasso com meus pés, pois um turbilhão furioso de idéias perturbava minha aparente tranquilidade.
Olhos bem abertos, mente bem aberta, alma aberta ao máximo que minha desconfiança permitia. Queria sentir, queria ver, queria tocar, queria amar, queria saber, queria ousar, queria gritar, queria voar, mas limitei-me a andar e a pensar em coisas que pareciam não ter sentido algum.
Sabia que buscava algo, não sabia o que era. Em meu peito, um desassossego não me permitia ter paz. Buscava no mundo algo que em mim eu não conseguia achar, talvez por incapacidade, talvez por não querer encontrar. Medo. Sim, medo do que eu poderia encontrar. O universo de um ser é algo sempre surpreendente, e não creio estar pronta para meus próprios segredos.
Em busca de mim, olho para o céu. O céu, tão estrelado, parecia sorrir para mim, parecia querer que eu estendesse a mão e tocasse em todos aqueles pontos de luz e esperança. Tentador. Já que meu mundo não se abria em flor para mim, não me permitia descobrir seus segredos, tudo era só mistério, por que não o céu?
Estendi a mão como uma criança que se aventura em algo que ela não desconfia que pode ser arriscado, apenas faz. Toquei o céu, e, ah, quantas estrelas caíram sobre mim!
Era chuva de brilho, era chuva de luz, era chuva de vida. Meus cabelos, minhas mãos, todo o meu corpo refletia sonho, tudo tão intenso, o brilho de uma vida inteira, o brilho de tudo que almejo, de tudo que desejo.
Imersa em estrelas, minha alma mostrava-se através dos meus olhos, mostrava-se de forma tão intensa que transbordou. E de minhas lágrimas surgiam mais estrelas, acompanhadas das que surgiam a cada sorriso meu. Eu era toda luz, toda sonho, era tudo e não era nada. Era infinita, era plena, era única, era eu.
E então ganhei asas, me aventurei, ri, chorei, descobri, sonhei, tudo de uma vez só, como quem se farta de delícias para a alma.

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