sábado, 27 de junho de 2009

Melodia de uma lembrança.

Voltar pra casa depois de um dia "daqueles" é realmente um exercício de auto-conhecimento. Quieta, respirando, vendo nas poucas estrelas do céu o brilho de uma vida inteira pela frente. Lojas, carros, tudo tão rápido, indo, vindo, como se cada um se resumisse a si mesmo, como se não houvesse uma ligação entre tudo. Vivendo dentro do próprio mundo, com as próprias angústias, os próprios medos, os próprios sonhos.
Mais da metade do caminho, e, de repente, meus olhos já tão sem esperança de encontrar algo o vêem. Ele, recostado na parede, violão nas mãos, olhos fechados, pensamento distante. Canta algo que não consigo ouvir, mas canta com saudade, com ternura, com felicidade, com um sorriso de quem revive em pensamento momentos tão alegres. Uma canção que o lembra uma alegria, uma tristeza, uma realização, um amor, não sei.
Cabelos brancos, as marcas da vida em seu rosto, o jeito pacato de quem já viveu tanto, de quem já teve pressa e, depois de tudo, vê apenas os carros passarem na rua fazendo a melodia da vida, como seus dedos passam pelas cordas do violão fazendo a melodia da saudade.
Em seu rosto já vivido pude ver o sorriso de quem se delicia com doces lembranças, aquelas que nos fazem ver que a vida vale a pena. Que fazer dela o melhor possível, arriscar-se, sorrir, amar, tudo isso vai fazer com que, após algum tempo, a gente possa se sentir bem ao lembrar tudo.
Foram cinco segundos em que senti que a minha vida ainda está apenas começando. E, ah, que eu possa um um dia fechar os olhos e lembrar com saudade de tudo!

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