sábado, 5 de dezembro de 2009

Et pluribus unum

"Assim: olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar de remar também.
Tá me entendendo? Eu sei que sim."
Caio Fernando Abreu


Impressionante como elegemos pessoas para os cargos que precisamos. Amigos para ouvir, amigos para abraçar, amores platônicos, pessoas para rir, pessoas para bem-querer, pessoas para mal-querer, enfim. E o mais interessante disso tudo é que são tantas as pessoas que temos pra escolher e, algumas vezes, escolhemos alguém sem nem saber por que motivo escolhemos. Et pluribus unum. E quando a gente escolhe, nem sempre a pessoa sabe que foi escolhida. É uma outorga, uma quase lei para nós, mas um fato desconhecido para nosso eleito, algumas vezes. Daí vem a nossa boa e velha amiga frustração. Porque, óbvio, nem todos estão aptos aos cargos que lhes designamos. Pior do que a inaptidão: muitos não querem mesmo o cargo. Sinto que se alguns de meus eleitos soubessem que, de alguma forma, têm um papel importante para mim, olhariam em meus olhos e diriam: "mas por que raios você me escolheu pra isso, sua louca?". Paciência. Melhor não deixar que eles saibam, seria estrago demais: pra mim e, talvez, para eles. Mas é divertido e patético tudo isso. Porque, por mais fortes e independentes que sejamos, sempre haverá algo que nos falta. Ninguém pode viver sozinho, isso é fato. Somos auto-suficientes, e nossa companhia nos basta, mas, será que nós queremos isso? Um alguém pra contar uma piada boba, ou um segredo antigo, ou uma novidade, é, sim, uma necessidade. Não que tenhamos que viver sempre cercados por pessoas, não é isso - até porque temos que estar a sós alguns momentos, pra nos encontrarmos de vez em quando. Mas que a vida seria quase insuportável sem nossos "eleitos", isso seria.





(Centésima postagem. Um daqueles pequenos feitos.)

Um comentário:

Rafael Ayala disse...

A vida seria realmente quase insuportável sem nosso eleitos.

Para cada um, um assunto particular, específico. Por vezes, passo tempos sem tocar em determinado assunto por não encontrar o eleito para tal conversa.

Amigos para abraçar e rir eu tenho muitos, para chorar, alguns ótimos, amigos mesmo. Para abraçar então? Diversos.

E meus amores platônicos? Ah, os cultivo desde criança...

Para mal-querer, bem, na verdade, eu tenho problema nessa parte. Acho que nem tenho, e, se tenho, não lembro e nem faço questão de lembrar.

Uma vez, eu era um dos eleitos. Meu amigo me colocava no céu, até que um dia eu caí, e ele viu que eu era mais um simples humano, passível ao erro. Tanto já fui perdoado quanto perdoei. E assim vamos seguindo...

Defendo os momentos Às sós, acho necessário, todo mundo deve ter um tempo para si.

E desculpa escrever tanto, num comentário que mais parece uma carta, mas é por gostar do assunto e por ficar feliz que tu tenha voltado a postar aqui. Volte sempre, um prazer vir aqui!

=]