domingo, 22 de junho de 2008

Saiu.

Ainda é cedo para os que sofrem de insônia, mas para mim, uma pobre mortal com um sono extraordinariamente exagerado, parece que a madrugada já vai alta. Meus peixes levitam ali, tão pacatos,parece que viver em seu feliz aquário lhes basta.
Eu não sou um peixinho.
A janela, sempre ameaçadora, me faz relembrar temores que até hoje guardo comigo, certas visões que acho impossíveis de serem esquecidas. Aqueles pequenos-grandes traumas que me fazem, antes de dormir, acender a pequena luzinha e conferir se não tem ninguém me olhando.
Meu coração, do tamanho de minha mão fechada, aqui, batendo apressado. Eu, buscando alguma coisa que prenda minha atenção. Ou melhor, que desvie minha atenção de coisas as quais prefiro esquecer, e que fazem meu coração acelerar abruptamente, enquanto eu me convenço de que "é só bobagem, sua tonta".
Meus olhos estão começando a pesar.
("Eu queria tanto, tanto, falar para você aquilo que sinto, mas parece ser tudo em vão, que insensatez. Quisera eu ter o dom de em sonho te fazer enxergar aquilo que apenas eu vejo.")
É estranho quando a gente pensa que certas coisas jamais podem acontecer com a gente. Tão acostumados a fazer certas coisas, ter certas atitudes e acabamos descobrindo que um dia alguém fará conosco o que tanto fazemos aos outros. Descobrem em nossa força nossa maior fraqueza, e parecem abusar dela. Tantas vezes isso parecia divertido e agora não é mais.
O vento frio que vem do condicionador de ar começa a deixar meus pés gelados, e eu me recuso a calçar meias.
Meus olhos estão quase molhados. Quase, mas não estão. Nem ficarão. Mas há certas coisas boas que deveriam ocorrer e não ocorrem, por que? Nem pude ter sequer a chance de tentar ser um pouco mais feliz.
Esse cheiro de perfume de bebê está começando a me enjoar.
Começo a entender que não nasci pra ter insônia. Meus olhos quase molhados agora estão também quase fechados, mas me recuso a dormir. Não, não quero ter aquele mesmo sonho. Me recuso a acreditar que ao acordar tudo vai estar diferente, porque sei que não vai. Aliás, sinto-me confusa, porque acredito, não quero acreditar, não acredito, e algo dentro de mim diz que creio.

Raios, desliguei os fones.

Um comentário:

daniloraf disse...

...o Ceará acaba de ficar ainda mais legal!