sexta-feira, 23 de maio de 2008

Mais da metade.

"A moça lia e enquanto a moça lia o tempo corria"

Sentia-se incompleta. Sentada, olhando o mar, via o tempo passar entre as suas mãos, ou melhor, fugir dela, escapar formando espirais pelo ar. E se não tivesse feito nada? Se fosse apenas ser mais uma entre as tantas que passam pela vida, que deixam saudades efêmeras. Deixando a vida apenas como mais uma entre tantas, um número, aquele do RG.

E se aquela fosse sua sua última tarde? O vento no rosto, a areia entre os pés, o som das folhas. A imensidão azul em frente aos seus olhos. Estaria ela vivendo os últimos momentos de sua existência?

Viver nada mais é do que supor. Supor que chegaremos em casa a salvo, supor que iremos à festa, supor que falaremos com alguém mais tarde. Se bem que para algumas suposições não basta estar no meio do caminho. Tem que haver tempo.

Queria ter escrito um livro. Tido um filho. Feito algo importante. 'Não, só mais uma no obituário'. Seria ela importante para alguém? Será que alguém iria, algum dia,lembrar do que ela havia feito, ou dito? 'Ahh, minha bisavó costumava...'. Mas não recordava o nome da avó da bisavó. Ela havia passado. Sem ela, hoje nada seria. Mas dela quase nada sabia, apenas que um dia havia vivido.

Estaria ela no começo, meio, ou fim do caminho?

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