sábado, 3 de maio de 2008

Ela e o mar.

Era isso, sem mais. Livre finalmente.
Admirou o mar, a quanto tempo não fazia isso. Palmeiras ao vento, mas, que estranho, não sentia o vento. Sabia apenas que estava agradável. Aquele parecia o momento mais feliz de todos os tempos. Parecia não sentir a areia sob seus pés.
Caminhou calmamente, deixando que seus pés mostrassem o caminho. Lembrou de quando o mar parecia assustador, de quando fugia de suas ondas, como se elas pudessem fazer algum mal. Na verdade, sempre sentiu receio quanto ao mar. Tão grande, misterioso, instável. Parecia que a qualquer momento poderia acontecer algo.
Instável. Reconhceu-se ao pensar assim. Será que era como o mar? Sempre diziam isso, que era misteriosa. Será que, enfim, havia encontrado àquele a quem deveria entregar-se?
Aproximou-se dele, como uma criança aproxima-se do seu primeiro amor. Esta era a verdade: sempre o havia amado. Sentia-se tímida. Sentia-se boba. Mas, ao pensar nele, sentia-se protegida.
Entregou-se. Ele a envolveu em um abraço, e aquela imagem ficaria para sempre na memória dela. O único abraço de amor que ela viria a receber.
A tranqüilidade, repentinamente, fora interrompida. O que aquelas pessoas estariam fazendo ali? Reconheceu algumas pessoas. 'Mamãe?'. Não conseguiam ouví-la. Parece que não a viam, que não consequiam ver que ela estava ali. Mas, espere...

Enfim, acordou.

3 comentários:

Thadeu Dias disse...

gostei de ficar imaginando os momentos, os elementos do texto, a areia e o mar..
mui bom
beijo!

renato xxx disse...

Me lembrou a cena da tentativa de suicído nos "Excentric Tenenbaums"

fallingapart disse...
Este comentário foi removido pelo autor.