quarta-feira, 28 de maio de 2008

Mano velho.

Será.
É.
Foi.
Ainda lembrava os versos de Cajueiro Pequenino.

Rápido, tudo passava como uma paisagem vista através da janela do carro, cada vez com maior velocidade. "Papai, não gosto de ir rápido assim".
Estava sentada no sofá, com os braços cruzados. "Emburrada", dizia a avó. Recusou pedir desculpas. Sua primeira demonstração de orgulho.
Mamãe chegou e disse: "Tenho uma surpresa". Pensei que era um brinquedo. Era uma irmã.
Eles cantavam. Não gostava. Nem dos apelidos. Era proibido brigar, mas ninguém nunca desconfiava dos acidentes.
Sentada no muro, esperando ele passar. A avó conversava com ela, mas as palavras fugiam de seus ouvidos. O mundo existia para esperá-lo. "Um lacinho para você". Sim, ele veio.
Corria. Corria. Corria. Parecia jamais chegar, e o som a deprimia. Todos já esperavam por ela.
Criava seu mundo. Era quem queria ser, só que loira.
Eles a protegiam. Tudo mudava quando era protegida por eles. "Pingo-de-flor, que comilão". Um belo sorriso. Tão pequena, mas já tinha achado um dos amores da sua vida.
"Mais põ, mamãe, mais põ".
Finalmente havia criado coragem. Deixos os pés descalços e aventurou-se. A areia molhada. Cuidado com as pedras. "Mamãe, mamãe, formigas, tira elas!".
Alimentar as galinhas era uma das suas atividades favoritas. Gostava de pensar que aqueles seres dependiam dela, da sua vontade para comerem. Ela as tinha em suas mãos.
"Ela é uma ótima menina!". Ah, mas fingia tão bem, ela sabia.


Olhe a taxa de permutação, veja. Ah, longe, longe.

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